MONIQUE GISELE GASQUI
CRP 108849/06
Psicóloga Clínica, especializada em Cognitivo-Comportamental
Como tudo na vida há exceções e não podemos generalizar, então digo que este artigo é uma reflexão para os homens que perderam ou melhor, abandonaram a sua função de pai ou não sabem realmente o seu papel diante de um filho. Começo fazendo uma breve reflexão: Qual é o retrato que temos da sociedade atual? Temos várias alternativas, das quais seriam a autoridade, a família, os significados dos papéis conjugais e parentais, mas eu diria duas palavras fundamentais: FRAGILIZAÇÃO e DESAMPARO. Por que?
Porque está caracterizado pela perda de sentido da vida, pela sensação de irrealidade, pela futilidade da existência, pela crise de identidade e pelo próprio desamparo.
Vamos voltar um pouquinho no tempo e fazer uma comparação dos dias de hoje. Como era a função do pai? Cabia ao pai iniciar o filho no mundo do trabalho ensinando o seu ofício e protegendo. Agora digo a mesma pergunta. Como é a função do pai hoje? Alguns abandonam de vez, outros não querem nem saber, e por ai vai… Hoje, inverteu-se os papéis, são os filhos que transmitem ao pai e a mãe saberes e novos modelos de conduta.
O declínio da sociedade tradicional representa o declínio do ideal paterno. A vida passa a ser cada vez mais regida pela busca do prazer imediato, pelo egoísmo, mostrando-se intransigente e indiferente ao que não é de seu interesse.
Como já dizia Freud, esse egoísmo, indiferença, o olhar só pra si é sinal de que o pai não foi forte e seguro o suficiente para auxiliar o rompimento da mãe-filho na fase inicial de cuidados com o bebê.
Portanto, o pai passa cada vez mais longe de casa, na qualidade de caçador. Seu objeto de caça é o dinheiro e seu retorno ao lar não é mais marcado pelo afeto, mas pela contabilização de seu sucesso material.
Precisa-se haver um equilíbrio entre esse pai que vai em busca do dinheiro para o sustento de sua família e esse pai e diria agora a mãe também que chega em casa para poder dar um abraço em seu filho, um beijo, fazer uma brincadeira, jogar, dialogar para o sustento do psíquico da criança.
Isso tudo que refleti até agora, está atingindo desde camadas populares à famílias de maior poder aquisitivo, nas quais os pais estão mergulhados numa luta desenfreada por ascensão social e material e os filhos tanto crianças e adolescentes abandonados, com sentimentos de orfandade e um sofrimento psíquico intenso.
Leitores, ser pai e ser mãe não implica apenas na paternidade e maternidade biológicas, mas demanda, também de sentimentos e atitudes de adoção que decorrem do desejo pelo filho em tarefas relacionadas aos cuidados físicos e a educação.
Quando se fala do pai, estou falando da função impacta na estruturação psíquica da criança e no seu processo de desenvolvimento. Nos casos de pais separados ou ausentes, alguém tem que assumir a função de retaguarda e acolhimento da mãe, para que ela possa exercer a função materna no período inicial de fusão com a criança, que é considerada a fase mais importante da personalidade da criança.
Espera-se que o pai seja um parceiro carinhoso, protetor e cooperativo com a mãe, desde a gestação do filho. Sua presença física e afetiva é fundamental para a criança estabelecer uma ponte entre o mundo interno e a realidade externa e ainda desenvolver maiores habilidades exploratórias e responsividade so-cial. O pai junto com a mãe compõe o ambiente total em que o bebê habita.
Quando o pai se faz ausente, além das consequências afetivas e físicas afeta principalmente o psicológico, que mostra-se a maioria comportamentos de risco, como por exemplo, drogas, tanto na infância como na adolescência.
Necessita-se do fortalecimento do vínculo entre criança-pai-mãe, pois só assim a criança internaliza padrões de comportamentos, normas e valores de sua realidade social. Os pais devem ter de forma iguais os cuidados, educação, carinho e segurança física e afetiva a criança. Se for para não ser assim, digo que os casais optem por não terem filhos, não sejam egoístas e indiferentes, porque assim vocês evitam o sofrimento de um ser humano que é vítima.
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Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/web/?p=11886