A Obesidade Infantil: Necessidade de Acompanhamento Psicológico

bullying netMONIQUE GISELE GASQUI
CRP 108849/06
Psicóloga Clínica, especializada em Cognitivo-Comportamental

 

 
A cultura de hoje é o culto ao corpo. A pessoa para ser aceita socialmente deve ser magra, cumprindo exatamente com padrões estéticos impostos pela mídia e padrões estes, muitas vezes, inalcançáveis.
Desta forma, se para um adulto é difícil lidar e aceitar essa condição imagina para uma criança que lidará com: apelido pelos colegas na escola seja por sua dificuldade física na falta de agilidade nas brincadeiras, ou por ser obesa mesma, além dos estigmas sociais. A partir disso, a criança pode apresentar comportamentos compensatórios para fazer parte do grupo de colegas, como assumir a culpa por coisas que não fez, ser sempre passiva ou "boazinha", fazer as tarefas escolares para os outros, ou servir como bode expiatório.
Há crianças que, mesmo tendo essas atitudes compensatórias não conseguem ser aceitas no grupo e acabam ficando marginalizadas na sala de aula, não tem amigos e quando os tem possuem alguma característica que também os exclui do grupo.
Esse quadro de discriminação desencadeia na criança obesa o desinteresse pela escola, queda no rendimento escolar, queixas físicas como dores de barriga, de cabeça ou náuseas, e queixas emocionais, como a irritabilidade, apatia e agitação motora.
Por tudo isso, é importante um acompanhamento psicológico, pois se não acompanhamento pode tornar-se um adulto com um perfil psicológico de autoestima baixa, carência afetiva, insegurança, autopiedade, ausência de autocontrole, vergonha, não aceitação do problema, temor de não ser aceito ou amado, culpa, desamparo, intolerância, passividade e submissão.
No acompanhamento psicológico, trabalha-se bastante o que o cliente pensa sobre si mesmo e como internaliza a opinião alheia, porque dependendo de como internaliza pode gerar conflitos emocionais significativos, dentre elas, a depressão, a ansiedade, anorexia, bulimia e cada vez mais ir se agravando se não tratado corretamente.
Para que se tenha um tratamento adequado, é necessário o apoio familiar, precisando ter uma reestruturação familiar na reeducação alimentar, na forma como os pais educam e conversam com essa criança.
Digo isto, porque as crianças mais jovens expressam menos o sofrimento psíquico. Elas não falam que estão sofrendo, que estão tristes, normalmente expressam por meio do comportamento e o comer demais para elas, é uma forma de amenizar o sofrimento e trazer tranquilidade. Elas tentam preencher o vazio emocional e lidar com os problemas comendo, pois assim, é uma forma de manter algo bom dentro de si mesmas e se você tira isso, elas sentem que perdeu algo bom.
A intervenção terapêutica irá ajudar neste sentido, fazendo com que a criança se aceite, se integre e aprenda a lidar com a culpa de uma forma mais afetiva.

Iniciar Apresenta

Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/web/?p=12285