Pokémon Go no Brasil. Realidade aumentada é o caminho para a interação ou a completa ignorância?

Pokemon-Go- netAuto Posto Greggio torna-se estádio Pokémon e Praça Padre Peretti um Pokestop.

 

AMANDA FACCA
Estudante de Jornalismo

 

 
Os humanos, como se afetados pelos ataques de Hypno, espalharam -se pelo globo em um sonho interminável no qual buscam ser o "maior mestre Pokémon do mundo", e se eles vão acordar ou não ainda não sabemos.
E se ainda não entendeu sobre o que estamos falando, você com certeza também não pertence a esse mundo e não está por dentro do que o CEO John Hanke andou aprontando nos últimos anos.
Nos anos 2000 Hanke teve a ideia de mapear o mundo todo utilizando fotos aéreas e criar um mapa online ligado a GPS. Com isso, surgiu a empresa Keyhole comprada pelo Google em 2004 da qual deram início ao Google Earth em 2005.
No entanto, a paixão do CEO ainda eram os games, e logo Hanke passou a pensar em como poderia mesclar seus mapas com os games, e em meio essa jornada ajudou a Google a criar diversos serviços envolvendo localização, enquanto formava um time que seria futuramente responsável pela criação do seu próximo MMO com realidade aumentada, o Pokémon Go.
Antes do atual game de sucesso, Hanke foi responsável pela criação do Ingress, que já adicionava a camada jogo aos mapas, foi este o principal game significativo para a jornada do CEO e a geolocalização, o qual conquistou muitos fãs e funciona até hoje.
Dentre estes fãs, em 2014, o presidente da Nintendo Satoru Iwata percebeu a empolgação de Tsunekazu Ishihara Ceo da Pokémon Company com o jogo Ingress e decidiu dar ao jogo uma nova cara. E aí você já imagina o que aconteceu.
Em uma brincadeira da Google em parceria com a Pokémon Company, pokémons foram espalhados pelo Google Maps e viralizaram na internet. Assim, o CEO John Hanke viu uma possibilidade de seu antigo sonho dar certo e lançou o jogo em oito países em julho: Portugal, Itália, Espanha, Eua, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha e Reino Unido.
E se você, como eu, não perdia um só episódio de Pokémon com certeza ficou ansioso desde o lançamento até a chegada do jogo de realidade aumentada Pokémon Go no Brasil no dia 3 de agosto. O jogo permite aos jogadores enxergarem e capturarem criaturas do desenho de 1997. Mas não é algo como se aparecessem criaturas aleatoriamente na tela do seu celular. O que acontece é através do mapeamento já feito pelo google tempos atrás e que está sempre em atualização. Os pokémons aparecem para todos os jogadores e podem ser visto por todos eles se estiverem em um mesmo lugar, é como se os monstrinhos realmente pertencessem a este mundo. Aqui em Urupês o auto posto Greggio tornou-se um estádio e a praça Padre Peretti um pokestop.
E enquanto essas criaturinhas aparecem aqui e ali, humanos andam se atrapalhando um pouquinho na jornada e gerando conflitos no mundo real. Já teve quem fosse assaltado, se descobrisse traído pelo namorado, invadisse a delegacia atrás de Pokémons, sofresse acidente no trânsito e até mesmo encontrasse um cadáver enquanto capturava os monstrinhos.
O jogo tem pontos positivos como a socialização das pessoas e o incentivo à sair de casa e caminhar numa era onde as pessoas preferem ficar confinadas as suas casas e apartamentos sozinhas com um aparelho eletrônico. Mas estaremos nós realmente perdendo a capacidade de interação? Estamos nos esquecendo como conversar? Há vários pontos negativos com a chegada do jogo e temos que nos atentar a eles.
Ser um treinador Pokémon pode ter sido um sonho de criança, mas nada se compara às nossas possibilidades palpáveis. Podemos ir onde quisermos e possuir uma infinidade de animais reais, fazer deles realmente nossos e os tratarmos muito melhor do que Ash Ketchum tratava Pikachu. Enquanto milhares de animais passam fome pelas ruas você tropeça neles mas não para, porque está caçando Pokémons inventados. Estamos caminhando mais sim, mas estamos caminhando para a ignorância. Estamos caminhando para as ideias frias, não enxergamos mais o que acontece no mundo real porque o virtual parece mais fácil.
Com o avanço das tecnologias temos cada vez mais nos tornado dependentes de aparelhos como computadores e celulares. Deixamos de interagir no mundo real para permanecer conectado virtualmente, nos afastamos do convívio familiar e nos tornamos completos estranhos. Por mais que Pokémon nos ofereça uma "realidade aumentada", nada se compara o que podemos ver se deixarmos de lado as telas dos celulares pelo menos por uma parcela do nosso tempo.
Caminhar na rua e socializar com as outras pessoas não deveria precisar de um jogo, aplicativo ou qualquer outra coisa que necessitasse GPS, internet ou outro meio tecnológico. Andar pela rua, admirar paisagens e conversar com as outras pessoas só precisa de boa vontade, e isto os brasileiros em de sobra.

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Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/web/?p=12578