MONIQUE GISELE GASQUI CRP 108849/06
Psicóloga Clínica, especializada em Cognitivo-Comportamental
O desenvolvimento da sexualidade infantil provoca dúvidas e receios nos pais. É importante saber o que é normal e o que representa um sinal de alarme.
O corpo humano tem vocação para o prazer desde sempre. Buscamos o tempo todo o bem-estar. A sexualidade é apenas um aspecto dessa sensação e a criança precisa aprender a lidar com os limites desde cedo.
A partir dos três anos de idade, a sexualidade fica evidente nos pequenos e são instigadas a novas descobertas. Sem pudor, muitos passam a exibir seu corpo desnudo, brincam na hora de fazer xixi, querem tomar banho com alguém junto, pedem companhia na hora de evacuar e tudo com muita naturalidade.
Porém, mais naturalidade ainda quando vêm as perguntas que os pais ficam embaraçados. "Por que o pipi do papai tem pelo e é maior que o meu"?; "Tem neném na barriga daquela moça"? ; "Como ele foi parar lá dentro"? ; "Posso namorar o papai"?; "O que é transar"? Entre tantos outros questionamentos.
Diante de pesquisas sobre a sexualidade infantil, é bom destacar que, a maioria das crianças brinca com o próprio corpo e gostam muito, além de expressar o desejo de também conhecer e explorar as partes íntimas de outras pessoas, como por exemplo, quer olhar, saber como é e até mesmo tocar no corpo dos mais próximos. Por este motivo, o adulto, em especial os pais, não tem que ficar assustados, quanto aos questionamentos acima, pois pode ser apenas uma curiosidade infantil, por trás do desejo de ver e tocar os outros corpos, o que é diferente da tentativa de obtenção de prazer a partir do corpo do outro. Se for só curiosidade, pode sim, dar espaço e suporte para que as investigações sexuais da criança aconteçam, pois é saudável, desejável, e essencial para seu desenvolvimento. Agora, quanto o toque é uma tentativa de obtenção de prazer a partir do corpo de outra pessoa, especialmente se esta não tiver a mesma idade dela, a curiosidade extrapola o limiar do que a própria criança é capaz de lidar tanto do ponto de vista da maturidade corporal e também emocional. Nessa situação, é necessário que o adulto intervenha evitando o contato, porque deixar a criança roçar os genitais na perna de um adulto, ou algo semelhante, é mesmo que sutilmente, autorizá-la a ter prazer sexual com um adulto.
Quando a curiosidade aflorar ou quiser tocar em alguma parte por curiosidade, vale apontar para a criança os limites entre o próprio corpo e o corpo do outro, e a necessidade de pedir autorização.
Através do faz de conta, os pequenos representam e experimentam papéis de mãe, pai, esposa e marido. Brincam de médica, despem bonecas e dão banho, brincam de papai e mamãe que se beijam, pela curiosidade sobre as diferenças sexuais e de gênero característica desta faixa etária. Imitam e repetem o que veem, ouvem e observam em casa, na escola, nos meios de comunicação e em outros espações aonde vão, falam em namorado e querem beijar na boca dos pais ou dos amigos, porém, sem a conotação sexual dada pelo adulto. Pode revelar, ainda, a curiosidade pelas cenas do ato sexual, observadas na vida real ou criadas em sua fantasia.
Meninos e meninas estão sempre juntos, brincam de casinha, jogam bola, dirigem carrinhos. Nesta idade a partir dos três anos não existe atitude, roupa ou brinquedo de menina ou menino. O que vale é a oportunidade de experimentação: não significa que meninos, não são ou serão gays apenas porque desejam passar batom ou preferem brincar com meninas. Do mesmo modo como vestem fantasias e se imaginam super-heróis, as crianças também experimental o sexo oposto.
Os pequenos então, em buscar de orientação e esclarecimento sobre sexualidade, vale aos adultos terem respostas verdadeiras, claras, objetivas e pontuais, respondendo apenas o que perguntam, de acordo com a maturidade e a curiosidade expressada pela criança.
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Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/web/?p=13649