MONIQUE GISELE GASQUI CRP 108849/06
Psicóloga Clínica, especializada em Cognitivo-Comportamental
A necessidade do auto perdão é pouco falada. O auto perdão é a aceitação das nossas dificuldades, dos erros que cometemos e da nossa imaturidade para lidar com certas situações na vida.
Exigimos de nós uma perfeição querendo controlar tudo e na verdade, a vida tem um ritmo próprio e nada dominamos. Somos seres únicos, apesar de o mundo, a mídia crê numa impossível padronização, o que equivocadamente faz nos compararmos com as outras pessoas.
Estudos recentes relacionam má-goas, ressentimentos e afins como sentimentos capazes de provocar diversos transtornos, como a depressão.
A depressão está ligada com culpas, mágoas, e isto quer dizer, que quando nos responsabilizamos e deixamos de resistir ou negar a realidade, a tornamos menos pesada de se lidar, inclusive um dos sintomas da depressão, a angústia começa a desaparecer, porque não perdoar a si mesmo é julgar-se impassível de erros ou não ter humildade para assumi-los, é se negar a sua lição, se colocar como vítima de si mesmo para esconder o orgulho e a covardia em assumir sua responsabilidade diante do fato ou até mesmo colocar o culpa no outro, "minha mãe", "meu pai", "meu vizinho" e assim vai.
Em minha prática clínica observo muito isto: a dificuldade da libertação, do auto perdão, e a facilidade de ficar aprisionado no passado que não tem mais volta.
Por isto, em todas as linhas terapêuticas, a culpa é um sentimento considerado doentio, que nada mais é que um autodesprezo, um auto desrespeito pela natureza humana, por seus limites e fragilidades, além do apego ao passado, que é uma tristeza contínua por alguém não ter sido como deveria ter sido, é uma tristeza contínua por ter cometido algum erro que não deveria ter cometido, e que é o responsável por grandes sofrimentos psicológicos. Simplesmente sofre por não aceitar o erro próprio e do outro e querer a sua perfeição e a do outro.
Em minha prática clínica tento mostrar que a culpa não provoca nenhum tipo de crescimento, a não ser ficar gastando energia numa lamentação inte-rior por aquilo que já ocorreu, que pra mim é uma ilusão doentia, uma fantasia, ao invés de gastar energia em novas coisas, ações ou comportamentos. Tentar também descobrir as convicções falsas que existe, ou seja, aquela verdade em que a pessoa acredita, mas que na verdade é errado, o que seria uma punição que a pessoa dá a si mesma carregando a culpa.
Desenvolvendo a capacidade do auto perdão na psicoterapia consegue-se energia para uma vida psicológica sadia e o encontro corajoso e amoroso com a realidade. É a aceitação da vida do jeito que ela é: nos altos e baixos. O auto perdão é a capacidade de dizer adeus ao passado e saber perder o que já esta perdido.
Se auto perdoar é um sim a vida que esta acontecendo agora.
Termino esta reflexão dizendo o seguinte: eu me perdoo pelos erros cometidos, eu me perdoo por não ser perfeito, eu me perdoo pela minha natureza humana e eu me perdoo pelas minhas limitações.
"Perdoar é libertar o prisioneiro…e descobrir que o prisioneiro era você."
Robert Muller
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Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/web/?p=14043