MONIQUE GISELE GASQUI CRP 108849/06
Psicóloga Clínica, especializada em Cognitivo-Comportamental
Atualmente, estamos vivendo uma crise existencial? Ora, significa um momento turbulento que deixa muito claro uma confusão geral de valores (pes-soas, sociais, organizacionais…), falta de significado na vida pessoal e profissional, banalização da criminalidade, individualização, consumismo exagerado, entre muitas outras, porém todas elas convergem para um grande vazio existencial.
Vivemos um vazio social tão grande que as pessoas têm adoecido nas empresas ao viverem papéis com os quais não possuem nenhuma afinidade, abrindo mão, muitas vezes, do que é moralmente correto pela entrega de resultados.
No livro "Modernidade Líquida" do sociólogo polonês, Zygmunt Bauman (2001), diz "que vivemos em uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e de insegurança".
E nós? Como podemos mudar essa realidade? Compreendendo um pouco melhor sobre nós mesmos, sobre nossos anseios, necessidades, sonhos, objetivos de vida, e a partir daí posicionarmos frente a esta banalização de valores do mercado ajudando o mundo a ser um lugar melhor.
Pode parecer utópico, mas ter consciência do caos que está a nossa sociedade já nos abre portar para fazermos diferentes, para olhar o outro com um olhar altruísta, compreender e respeitar suas dificuldades, limitações e principalmente olharmos para nós mesmos de maneira mais respeitosa.
Tudo o que escrevi acima vem acompanhada por rupturas de projeto de vida ligadas geralmente a lutos, perdas, separações ou acontecimentos desorganizadores do cotidiano. Esta sempre ligada à quebra de um processo de ilusão, que se relacionam as questões da finitude da vida ao se deparar com situações limítrofes que nos dão um senso de realidade e finitude.
A ilusória certeza de uma perda de situação passada ou da expectativa futura vivida como permanência ou posse se torna a grande lição desse processo, que a vida vai nos ensinar em meio à crise de que não possuímos nada. Toda crise existencial envolve também uma cura existencial.
Por que nasci? Por que sofro tanto? Por que não sou como os outros? Por que tenho essa doença? Onde foi que eu erre para merecer isso? Qual o sentido da vida? Qual o meu propósito aqui na terra? Será que eu faço diferença na vida das pessoas? Será que sentiriam falta de mim se eu morresse? Eu não sei viver, para que estou aqui? A vida é muito difícil, para que sofrer se podemos escolher fugir de tudo isso? Essas são algumas das várias perguntas que todos nós fizemos em alguma fase do desenvolvimento, durante a vida perante uma crise existencial. O indivíduo passa a ter a impressão de que nada faz sentido, de que nada tem importância, de que nada no mundo o completa.
É como se a vida na terra de repente virasse um tanto faz, porque já que você não encontra as respostas que procura, passa a se frustrar, a se sentir sozinho e incompleto.
O que eu quero dizer sobre o assunto é que a crise existencial é saudável, mas pode piorar muito o nosso bem-estar mental. Ficar se questionando, se cobrando demais, se comparando, pode afetar negativamente a sua autoestima, a sua forma de agir com os outros, a sua maneira de levar a vida e muitos outros fatores.
É muito importante o autoconhecimento, ir atrás de respostas, tentar entender a si mesmo, as pessoas e o mundo é algo bom, pois toda forma de conhecimento vale a pena.
Pensar demais é perigoso.
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Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/web/?p=14122