Ludopatia: jogo patológico

MONIQUE GISELE GASQUI | CRP 108849/06
Pós graduada em Psicologia Clínica: Terapia Cognitivo Comportamental | Pós graduada em Psicologia da Saúde/Hospitalar

Trata-se de um quadro de dependência muito parecido ao de álcool e drogas, é psicoemocional, e não um desvio de caráter, como a maioria das pessoas imagina, pois, assim como em qualquer dependência, existe um grande grau de dificuldade no controle dos impulsos, que afeta negativamente as relações familiares, sociais e profissionais que é a dependência nos jogos de azar. É um vício e não um hábito, porque destrói a vida da pessoa como um todo e é um excesso.

Percebo em minha prática profissional um aumento desse transtorno, que antes até então não era tão marcante. Hoje já se percebe esta dependência aumentando devido a sensações de prazer que causam e extinção da dor emocional, ainda, o dependente retém apenas a lembrança e memória afetiva do sucesso ao experimentar uma vitória, desconsiderando as inúmeros experiências ligadas ao fracasso, tudo para tentar sentir novamente a adrenalina proporcionada pela experiencia inicial de vitória, o que estimula o comportamento compulsivo. Vocês percebem como um comportamento totalmente disfuncional leva outro comportamento ainda mais disfuncional, ou seja, prejudicial?
Geralmente, as pessoas com este quadro de dependência, tem pensamentos distorcidos como as superstições, sentimentos de poder e controle sobre o resultado.
É uma necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez maiores a fim de atingir a expectativa desejada, inquietude e irritabilidade quando tenta reduzir ou interromper o costume de jogar, preocupações frequentes com o jogo, co-mo avaliar possibilidades de obter dinheiro para jogar.
Os sentimentos como angústia, impotência, vazio, culpa, ansiedade e depressão levam a prática do jogo, o que torna difícil sair desse transtorno. Eles mentem para esconder a extensão de seu envolvimento com o jogo e quase sempre perde um relacionamento significativo, e até um emprego em razão do jogo.
Como em qualquer jogo, tem o ganho, mas tem a perda também, e vai desde falsificação, fraude, roubo ou estelionato, para obtenção de dinheiro para o jogo, como também apelo para a família.
Neste transtorno, é importante frisar que não é definido pela quantia de dinheiro investida, e sim pela maneira como o jogador experimenta a sensação e necessidade de se envolver com o jogo, desde aquela pessoa que compra uma raspadinha todos os dias, até aquelas que jogam online, frequentam bingos, cassinos ou costumam fazer apostas em jogos de esporte.
Portanto, é fundamental vermos a gravidade e seriedade da busca por apoio profissional, porque a maioria dos que sofrem desde transtorno possuem ideações suicidas. No tratamento psicoterápico, é necessário desassociar a ideia positiva que o vício traz, além disso, trabalhar a depressão, ansiedade, baixa autoestima, dentro outras consequências psicológicas que o vício acarreta.
Não desperdice seu tempo precioso com jogos, mas ganhe seu tempo vivendo.



Fonte: http://avpgraficaejornal.com.br/layout/index.php/2020/02/10/ludopatia-jogo-patologico/