MONIQUE GISELE GASQUI | CRP 108849/06
Pós graduada em Psicologia Clínica: Terapia Cognitivo Comportamental | Pós graduada em Psicologia da Saúde/Hospitalar

Viver é correr riscos e cada pessoa tem sua própria forma de reagir a situações de risco de vida ou experiências inesperadas, como o caso do COVID-19 que estamos vivenciando diariamente. Muitas pessoas após passar essa fase difícil ficaram com trauma psicológico ou até um estresse pós-traumático para quem foi contaminado com o vírus e superou.
Uma pessoa pode sentir medo e ficar impressionado com isto, enquanto outro pode sentir-se chocado e agradecido por estar vivo. As reações variam de pessoa para pessoa.
A partir disso, em algumas pessoas podem vir os traumas psicológicos que acontece quando alguém vivencia uma situação negativa, mas não consegue esquecer as emoções despertadas no evento. A lembrança para ela é muito angustiante. Ela pode se sentir insegura, desprotegida, incapaz e indefesa.
O trauma acarreta uma exacerbação do medo, o que pode conduzir ao estresse, envolvendo mudanças no funcionamento neuropsicológico e afetando o comportamento e o pensamento, que fará de tudo para evitar reviver o evento que lhe traumatizou. Pode gerar comprometimentos cognitivos, emocionais, físicos e interpessoais.
As causas podem ser: surgimento de uma nova doença, trauma físico, abuso e violência de todos os tipos, abandono, relacionamentos abusivos, acidentes, assaltos, ambiente insegura, separação de pais, abortos, mudanças drásticas na vida, perda de entes queridos, dentre outros. Se você passou por algum evento traumático ou está passando pode ser que tenha:
1) Pesadelo: quando o trauma nos faz reviver o evento em nossos sonhos enquanto dormimos, pois, o cérebro tenta processar o evento, a fim de ajudar o sistema nervoso a se recuperar do choque.
2) Flashbacks: desencadeia por situações ou locais que lembram o que aconteceu, e muitas vezes fazem com que as emoções vivenciadas durante o acontecimento voltem a ocorrer.
3) Ansiedade: pode surgir um transtorno de ansiedade, como, no caso, de alguém que sofreu um acidente de carro, pode sentir ansiedade ou até pânico ao tentar entrar novamente em um carro ou ainda gerar uma fobia: medo de dirigir.
4) Tristeza e culpa: principalmente se envolveu outras pessoas, porque começa imaginar como poderia ter sido feito o fato ou como poderia salvar o outro. Geralmente após o ocorrido fica um bom tempo deprimida.
Para a superação, é muito interessante os hobbies, que são atividades relaxantes como pintura, dança, aprender a tocar um instrumento, jardinagem. Tudo isto, ajuda a distrair e não ficar revivendo os sentimentos relacionado ao trauma. Não se isole, pois, o isolamento pode tornar-se as coisas piores gerando outros transtornos mentais.
É necessário aprender a regular emoções fortes e reconstruir a capacidade de confiar em outras pessoas. Não deixe que a mágoa te leve a necessidade de vingança, ao invés disso, escreva sua experiência num caderno, isso ajuda a passar seus sentimentos negativos para o papel, acalmando a sua alma e continue sua vida dando atenção as suas tarefas rotineiras o mais rapidamente possível, se não for possível, use seus hobbies e se reinvente-se na sua própria casa.
O tempo produtivo é inimigo das lembranças ruins.

"Não importa se somos fortes, traumas sempre deixam uma cicatriz. Seguem-nos até nossas casas, mudam nossas vidas. Traumas derrubam a todos, mas talvez essa seja a razão. Toda a dor, o medo, as idiotices. Talvez viver isso é que nos faz seguir adiante, é o que nos impulsiona. Talvez precisemos cair um pouco para levantar-se novamente."
Grey´s Anatomy